Posicionamento institucional
Posicionamento da Fundação Biodiversitas sobre as pesquisas realizadas
na Estação Biológica de Canudos
A Fundação Biodiversitas, desde sua concepção na década de 80, foi criada por um grupo de intelectuais e cientistas para ser uma organização conduzida e orientada pela ciência. Ao longo de seus mais de 30 anos de história, a Biodiversitas prima por ter em sua razão de existir o conhecimento de caráter técnico científico aplicado no desenvolvimento e implementação de seus projetos.
Norteada por esses critérios, a Biodiversitas apoia todo e qualquer trabalho dedicado ao aprimoramento de pesquisas cientificas, principalmente no objeto principal de seu escopo, que é a proteção de espécies ameaçadas de extinção e seus ecossistemas associados. Além de proteger o último refúgio da arara-azul-de-lear (Anadorynchus leari), na Caatinga, a Biodiversitas protege outras 3 espécies ameaçadas de extinção, no bioma Mata Atlântica. Inclusive, por conta da necessidade extrema de cuidar da arara-azul-de-lear, a Fundação mantém, na Estação Biológica de Canudos, um programa de recuperação da população da espécie.
Há cerca de dois anos, como foi amplamente divulgado pela imprensa nacional e internacional, a empresa de origem francesa, Voltalia Energia do Brasil, recebeu do Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (INEMA) licenças para construção de um Parque eólico na rota de voo das araras-azuis-de-lear, o qual coloca em risco a sobrevivência da ameaçada espécie protegida pela Fundação Biodiversitas. Por entendermos que o funcionamento de um Parque eólico na área de ocorrência das leares comprometeria o crescimento populacional da espécie, a Biodiversitas foi a pioneira na longa batalha em prol das araras.
Na ocasião, a Biodiversitas solicitou via ofício ao INEMA, à Secretaria de Meio Ambiente da Bahia (SEMA), ao Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e ao Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Aves Silvestres (CEMAVE), o cumprimento das exigências do Conama e a realização do Estudo de Impacto Ambiental completo/Relatório de Impacto Ambiental (EIA/RIMA) e das audiências públicas. Vale dizer que, ainda que a Biodiversitas não tenha a pretensão de barrar o progresso, o pleito sempre foi para que os projetos da Voltalia fossem sustentáveis e com respeito a biodiversidade. A Biodiversitas vem assim, confirmar sua posição contrária as atitudes da Voltalia, e de todos os profissionais que venham a apoiar aquela empresa.
Nesse contexto, considerando o papel fundamental da Fundação e ciente de seu compromisso com a ciência, em abril de 2023 foi concedido ao ICMBio/Cemave e ao Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo a permissão para realização de pesquisa de campo para estudo da dinâmica populacional da arara-azul-de-lear, na Estação Biológica de Canudos.
Importante ressaltar que esse trabalho vem sendo realizado ao longo de 15 anos, sempre numa parceria exitosa entre o órgão público federal e a academia, e tem proporcionado pesquisas inéditas sobre a história natural da arara-azul-de-lear, bem como tem fundamentado as diretrizes do Plano de Ação Nacional (PAN) para a Conservação das aves da Caatinga.
Assim sendo, a Fundação Biodiversitas reitera sua busca incansável pela geração e aplicação do conhecimento científico que será sempre o seu NORTE e sua PRIORIDADE, sem nunca deixar de se eximir pela responsabilidade e pela proteção da biodiversidade brasileira.